Um dos mitos da Segunda Guerra Mundial é o de que navios
brasileiros foram afundados pelos norte-americanos, para forçar o Brasil a
entrar no conflito ao lado dos aliados. Mas, graças aos depoimentos de oficiais
da marinha nazista, interrogados como prisioneiros, além da documentação do
comando naval alemão, foi possível fazer o seguinte levantamento: os atacantes
foram os submarinos de classe U-Boat, de fabricação alemã. O Brasil perdeu o
grosso dos seus mercantes em águas internacionais, quase todos na costa dos
Estados Unidos.
Foram os seguintes os torpedeados: Buarque, no dia 19 de
fevereiro de 1942, sem vítimas, pelo submarino U-432, do capitão Heinz Otto
Schultze. O mesmo submarino afundou, a 18 de fevereiro, o mercante Olinda, na
costa da Virginia, sem deixar vítimas. O Cabedelo foi alvo de agressor
desconhecido, mas há suspeitas de um submarino italiano. Resultado: a perda de
toda a tripulação, 54 homens. O U-155, do tenente Cornelius Pieining, afundou
o Arabutã, matando um marinheiro.
O Cairu foi atacado por dois submarinos a 130 milhas de
Nova York, mas o tiro final foi dado pelo U-94, de Corveta Otto Ives,
totalizando 17 mortos. O Parnaíba foi afundado pelo U-162, do capitão Jürgen
Wattenber, em 1º de maio de 1942, com sete tripulantes mortos, em Trinidad, no
Caribe.
"E se seguiram o Gonçalves Dias, a 24 de maio de 42,
ao Sul do Haiti, pelo U-502 do capitão Jurgen Von Rosenstiel, com seis mortos.
Na Ilha de Santa Lúcia o U-156, do capitão Corveta Werner Hartenstein, afundou
o Alegrete, sem vítimas. O Pedrinhas foi torpedeado em viagem para Nova York
pelo U-203, do tenente Rolf Mützelburg, sem vítimas. O Tamandaré foi vítima
do U-66, do capitão Friedrich Markwerth, a 26 de julho de 42, com quatro
tripulantes mortos. Dois dias depois o Barbacena foi afundado pelo submarino
U-155, do tenente Carmelius Pieming, quase na mesma posição do Barbacena,
fazendo três mortos. E nesta mesma noite de lua cheia, a 28 de julho, o capitão
Cornelius afundou também o Piave. A única vítima foi o capitão do navio,
Renato Ferreira da Silva. Este foi o último torpedeamento da série, quando o
Brasil ainda era neutro. Nesta fase, entre fevereiro e julho de 1942, perdemos
12 navios e 135 homens.
O LOBO FEROZ -" O plano de Hitler era atacar os portos
brasileiros de Santos, Rio, Salvador e Recife, não só afundando os navios que
ali estivessem, ou a maior parte deles, mas igualmente danificando as instalações.
A ação serviria para criar o pânico e atrasar a remessa de material estratégico
para os Estados Unidos. Depois Hitler mudou de opinião e manteve dez submarinos
no Atlântico, na ação Alcatéia, os lobos ferozes. Mas, destacou um submarino
especificamente para abater o moral da população brasileira. Era o U-507, do
famoso capitão de corveta Harro Schacht. Em apenas três dias, ele afundou
cinco navios - os mistos Anibal Benévolo, Itaiba e Arará, e os dois paquetes
Baependi e Araraquara - na costa do Nordeste, matando mais de 300 pessoas. Estas
tragédias determinaram a declaração de guerra contra a Alemanha e o famoso
quebra-quebra.
Depois o U-514, a 27 de setembro de 1942, afundou os
mercantes Osório e Lages, perto de Belém, matando oito tripulantes.
E daí, até outubro, quando foi torpeado nosso último
mercante, o Campos, com perda de 10 tripulantes, ocorreu a baixa dos navios Bagé,
Itapagé, Pelotaslóide, Tutóia, Afonso Pena, Brasiloide, Porto Alegre e
Antonico, este último com requintes de perversidade, pois o inimigo metralhou
os náufragos, matando 16 deles e ferindo outros dez. Estes navios foram
torpeados a caminho dos Estados Unidos pelo submarinos U-518 e U-163, do capitão
de corveta Edward Engelmann, e o U-504, do tenente Fritz Poske. Já o Afonso
Pena foi torpedeado pelo submarino italiano Barbarico, do capitão Roberto
Rigoli, com a perda de 94 homens.
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